Biografia

Há cinquenta anos, José Lima Sobrinho e Durval de Lima começavam a trilhar um caminho cheio de amor e dedicação à música, que os levou a ostentar, hoje, o título de ‘reis do sertanejo’. Apesar de precursores do ritmo nas rádios FM do Brasil e serem os primeiros a ocupar topo das paradas da Billboard, Chitãozinho & Xororó não se transformaram neste ícone adorado nacionalmente da noite para o dia.

Altos e baixos na indústria fonográfica, inúmeras apresentações em circos e investimentos do próprio bolso marcaram o início da carreira dos irmãos de Astorga, no Paraná. Foi preciso muita garra e persistência para chegarem aos 40 milhões de discos vendidos, 38 álbuns inéditos, dez DVDs, quatro prêmios Grammy, centenas de discos de ouro, platina e diamante, diversas turnês, programas de televisão, um samba-enredo contando sua história, entre muitos outros feitos.

Foi no inesquecível ano de 1978 que a dupla colheu seu primeiro resultado de sucesso, com a canção ‘60 Dias Apaixonado’, ao conquistar o primeiro disco de ouro da carreira. Dois anos depois, triplicaram as vendas com ‘Amante Amada’, 600 mil cópias, e levaram para casa disco duplo de platina. No entanto, foi com ‘Fio de Cabelo’, do álbum ‘Somos Apaixonados’, de 1982, que eles, de fato, deram uma reviravolta. A música estourou nas rádios de todo o  Brasil e o disco chegou a 1,5 milhão de cópias vendidas, um marco na história de Chitãozinho & Xororó, rompendo as barreiras do preconceito contra o gênero.

A partir daquele momento, o legado da dupla só cresceu. São mais de dezenas de clássicos na história da música sertaneja, incluindo Se Deus Me Ouvisse (1986), Fogão de Lenha (1987), No Rancho Fundo (1989), Evidências e Nuvem de Lágrima (com Fafá de Belém) (1990), Brincar de Ser Feliz (1992), Página de Amigos (1995), Alô (1999), Frio da Solidão (com Roupa Nova, 2001), Sinônimos com Zé Ramalho (2004), A Majestade o Sabiá, com Jair Rodrigues, Arrasta uma Cadeira (2005), uma composição de Roberto Carlos e Erasmo Carlos feita especialmente para cantarem com a dupla que, segundo os autores, levou catorze anos para ficar pronta; entre muitas outras.

Muito antes da primeira grande realização, desde os tempos em que ouviam o pai, seu Marinho, e a mãe, dona Araci, cantando juntos na infância, os irmãos sabiam que a música era uma paixão que corria pelas veias. De tanto observar e admirar, eles aprenderam todas as letras preferidas dos pais e cantavam as músicas com afinação. Xororó na primeira voz, imitando a mãe, e Chitãozinho na segunda, como o pai. Quando o pai percebeu o talento dos pequenos, as festas juninas e clubes de Rondon – cidade do Paraná onde passaram a infância – viraram palco para as apresentações.

E o pontapé para conquistar o Brasil afora se deu no show de calouros do Silvio Santos. Os “Irmãos Lima” — nome artístico até o radialista Geraldo Meirelles rebatizá-los de Chitãozinho & Xororó, nome de um grande sucesso de Athos Campos e Serrinha, composto em 1947, que falava de aves brasileiras —, ganharam o primeiro lugar na competição, com a música ‘Besta Ruana’, de Tonico & Tinoco. Com o “novo” nome veio também uma grande conquista: gravaram o primeiro disco, Galopeira, em 1970.

Acima de toda dificuldade, mostraram que, para eles, não há o menor espaço para preconceitos no mercado musical. Dos cabelos mullet — mania nacional na década de 80 — às calças justas, botas e chapéu que marcaram uma geração, eles comprovaram que versatilidade é a palavra de ordem para dupla. O pioneirismo no uso dos banjos e guitarras elétricas nas músicas sertanejas também foi essencial para apresentar as multifacetas do estilo, característica que se mantém até hoje na carreira dos artistas.

Ecléticos por natureza, eles já tocaram com grandes nomes do cenário musical como Bee Gees, Roberto Carlos, Caetano Veloso, Djavan, Zé Ramalho, Ivete Sangalo, Simone, Lulu Santos, AnaVitória, Kell Smith, Tânia Mara, o rapper Cabal, a banda Fresno, Andreas Kisser, do Sepultura, Maria Gadú, Alexandre Pires, Fafá de Belém, Fábio Jr. e o maestro João Carlos Martins. Todas parcerias de sucesso, sem jamais perder a essência da raiz sertaneja.

Constantemente citados como referência para as novas gerações da música sertaneja, Chitãozinho & Xororó não medem esforços para manter fiel sua legião de fãs e cativar cada vez mais todo e qualquer amante de uma boa música brasileira. Inovação é o princípio primordial na carreira dos irmãos, que estão sempre em busca de acompanhar as maiores novidades e tendências do universo musical, sem perder a boa e velha essência caipira.